quarta-feira, abril 30, 2025

A arte de fingir no palco da vida


Como toda a gente percebeu (penso eu...), o Governo "não existiu" durante horas, no dia do "apagão nacional". 

E a primeira excepção foram as declarações de um ministro (Castro Almeida) que sem ter dados ou certezas contribuiu para o festim de "notícias falsas", que começou por alimentar a tese do "ciberataque".

Provavelmente, qualquer Governo, faria a mesma coisa. Talvez não comunicasse tantas vezes à "posteriori". Não me lembro de tantas intervenções televisivas de um primeiro-ministro, que gosta de falar menos que o indispensável. Qualquer pessoa minimamente esclarecida, sabe que isso só aconteceu porque estamos num período eleitoral...

E se há coisa em que o chefe do Governo é bom, é "na arte de fingir", no palco da vida (e da política). 

Não é por acaso que apesar da palha que tem saltado do seu rabiosque, continua à frente das sondagens...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


terça-feira, abril 29, 2025

Pois foi, a Luz veio e o "Mundo não acabou"...


Não é difícil explicar o que aconteceu ontem.

O "apagão" de 12 horas (em Almada, foi assim, das 11.30 às 23.30 horas...), que nos deixou quase sem Mundo, esteve longe de ser o aspecto mais elucidativo sobre a qualidade humana.

Mais uma vez, em nome do egoísmo e do individualismo,  num  verdadeiro "salve-se quem puder", a gente precavida do costume, voltou a abastecer-se de água, papel higiénico e latas de conserva, deixando para os mais distraídos, o pequeno prazer de fecharem as portas e pouparem algum dinheiro.

Mesmo que se finjam, aqui e ali, "solidários", já percebi, há algum tempo, que é com esta gente que a direita cresce...

(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)


segunda-feira, abril 28, 2025

Um dia estranho que deixou mais uma vez a descoberto a nossa (grande) vulnerabilidade...


Não queria falar do abanar de asas da borboletita espanhola, com força suficiente para parar dois países, ao mesmo tempo que dava espaço a todo o tipo de conjecturas, mas...

Felizmente, enquanto o mundo já andava demasiado preocupado com o que poderia estar a acontecer, eu andava ocupado a arrumar coisas e a pensar que se tratara de uma avaria local, mesmo que durasse mais que os cinco minutos normais. Sabia que estávamos mal habituados. Nos últimos anos  raramente faltava a "luz", e quando ela desaparecia, voltava quase sem nos dar tempo para acender uma velinha.

Passava das treze horas quando me sentei no nosso espaço reservado do "Olivença" e o Carlos me contou que havia numa série de países europeus sem electricidade. Percebi que já existiam primeiro várias "teorias " à solta, e não foi por acaso que o primeiro nome a vir a baila foi o de Putin, um dos bandidos mais "encartados" do Planeta...

Recebi um telefonema que me dava conta das "faltas de comparência" dos meus companheiros de tertúlia gastronómica. Se há coisa que detesto é tomar uma refeição sozinho num restaurante, mas não me podia ir embora, até pela amizade com o Carlos. 

E lá almocei o "bacalhau com grão", quase a seco, sem a falta das palavras e dos sorrisos do Chico, do Carlos III e do Tomás...

Já em casa, fui sentindo o vazio de estar a "viver" sem televisão e internet. E claro, há muito tempo que não subia tantas vezes as escadas até ao quarto andar. 

Precisava de um rádio e de pilhas para voltar a estar no mundo". Encontrei-os...

Por ter tudo "eléctrico" em casa, até o fogão, fui a mercearia comprar carvão. Falavam no mínimo de seis horas para repor a normalidade, pelo que os grelhados eram a única ementa possível para o jantar. Foi na loja local que descobri um país em alvoroço, com as pessoas a quererem esgotar a água existente assim como as conservas (estava gente à minha frente com mais de uma dúzia de latas de atum e outras tantas de feijão...). Como só precisava do carvão, consegui pagar e ir embora, "furando a fila", mas fiquei ligeiramente alarmado com a já normal prevalência do "eu" e do "salve-se quem puder", com a ânsia daquela gente em levar para casa coisas a mais, à espera da "guerra", sem pararem para pensar que o mundo tem mais pessoas...

O rádio não ia dizendo muitas coisas, mas pelo menos serviu para desmontar uma série de "teorias da conspiração", colocadas a circular pelos mentirosos do costume...

Ao jantar conversámos bastante (há sempre coisa boas nestas "aventuras"...), na nossa varanda, bem iluminada graças às engenhocas do meu filho. Ao ponto de parecermos a única casa com gerador na nossa rua (uma bela mentira)...

Graças à vista larga do nosso "miradouro" pelo Mar da Palha, fomos assistindo ao regresso da energia pelas terras que nos rodeavam. O coração de Lisboa foi o primeiro a acordar, depois foi a Ponte Vasco da Gama, o Montijo, Palmela (mais longinqua...), Seixal e quase às vinte e três horas e meia, foi a vez de Almada regressar à "normalidade"...

Ao fim de um dia estranho, a única coisa em que pensei, foi na nossa pequenez, no quanto somos vulneráveis. Não queria voltar a pensar no que pode acontecer com um simples abanar de asas de uma borboleta em qualquer lugar afastado, mas...

(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)


domingo, abril 27, 2025

Conversas, pensamentos e mudanças...


Por me reconhecer conservador nos hábitos e avesso a mudanças (especialmente as tecnológicas...), tenho dificuldade em aceitar "verdades" que querem se tornar "absolutas".

Estava no meio de cinéfilos, a ouvir falar das últimas novidades, eu que não piso uma sala de cinema, há já uns anitos (lá vem a "pandemia" servir de "baliza temporal" e dizer-me que já são mais de cinto anos...).

A vida muda, nós mudamos (ou deixamos que nos mudem...) e há coisas que deixamos de fazer, por isto e aquilo, e depois é um "sarilho" para voltarmos ao antigamente...

Mas não era nada disso que queria falar, nem tão pouco do meu vizinho que veste o fato todos os domingos para ir à missa (eu que às vezes penso que já nem fato tenho...), com quem me cruzei no regresso a casa, antes do almoço. 

Fiquei a pensar foi na conversa do João, de que a rapaziada nova só vai ao cinema para encher a barriga de pipocas e sentir os efeitos especiais quase ao "vivo". Naquele momento duvidei, mas na viagem de regresso até à Quinta da Alegria, comecei a concordar e quando abri a porta de casa, já estava de acordo com ele.

Olhei para o exemplo dos meus filhos, que quase só vêm televisão no computador (séries e filmes...) e até nos minúsculos smartfones, quando andam pelo mundo...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


sábado, abril 26, 2025

"25 de Abril Sempre, Fascismo Nunca Mais!"


Felizmente o Dia da Liberdade continua a ser uma festa.

É num clima de alegria, serenidade e cumplicidade que se desce a Avenida da Liberdade, com gente de todas as idades.

Curiosamente ou não, cada vez assistimos mais à presença de jovens, com cravos vermelhos, sorrisos bonitos e vivas ao "25 de Abril, sempre / Fascismo nunca mais!"


(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


sexta-feira, abril 25, 2025

Lembrei-me do meu Pai, por um pequeno pormenor...


Como de costume acordei cedo.

Pensei em várias coisas, não muito alegres, que não são para escrever hoje.

Lembrei-me do meu querido Pai. Por um pequeno pormenor.

Nunca me falou da prisão do pai, no começo da Guerra Civil de Espanha. Eu também nunca lhe fiz qualquer pergunta sobre esse tempos difíceis, que se agudizaram com a Segunda Guerra Mundial. 

Ele tinha dois, três anos, quando o meu avô foi preso. Tinha cinco, quando começou a Guerra provocada por Hitler.

Do que me falou bastantes vezes, foi da fome que passou, na infância passada na Beira Baixa...

Parece que não é uma história de Abril, mas acaba por ser, porque Abril é também memória. 

E é essa memória que nos faz lutar contra um passado, que parece longínquo, onde reinava a repressão e a exploração, onde se tentava roubar a dignidade às pessoas...

(Fotografia de Luís Eme - Caldas da Rainha)


quinta-feira, abril 24, 2025

Abril é Abril, mesmo que lhe queiram chamar outra coisa...


Cinquenta e um anos deviam ser tempo mais que suficiente para todos percebermos que, Abril é Abril, mesmo que lhe queiram chamar outra coisa...

Abril é Abril, mas continua a não ser igual para todos. Nem todos gostam da cor, dos cheiros, e até da alegria de se andar de mão dada com a liberdade pelas ruas (se pudessem iam passar uns dias à Polinésia...). 

Abril é Abril, mas nem todos querem, e gostam, de igualdade. Gostam sim de misturar as coisas e de fingir que não percebem que podemos ser iguais, continuando diferentes. 

Sim, não precisamos de nos vestir da mesma maneira nem de comprarmos ou comermos as mesmas coisas, para vivermos Abril mesmo em Novembro. 

Normalmente quem não gosta de ouvir falar em igualdade, tem aquele "sonho antigo", de um dia qualquer, conseguir ser "mais que os outros". Isso sim, é importante.

É gente que nunca se contenta com  "igualdades", querem sim, um mundo só para eles...

Felizmente hoje já são mais previsíveis. 

O primeiro sinal que dão, é não gostar de cravos, a flor de Abril que é Abril...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


quarta-feira, abril 23, 2025

Ter uma livraria na cidade é outra coisa...


Hoje comemora-se o "Dia Mundial do Livro".

Podia falar de livros, mas prefiro falar de livrarias (é quase a mesma coisa). Ou seja, da alegria de Almada ter voltado a ter uma livraria, depois de vários anos sem um único espaço comercial livreiro, no centro da Cidade (existia uma ou outra resistente, como a "Escriba" na Cova da Piedade, mas é um espaço demasiado pequeno...) 

Não tenho grandes dúvidas de que o regresso da "Bertrand" a Almada, foi uma boa aposta comercial (a renda deve ser inferior e as vendas não são menores do que quando estavam no "Almada Fórum"...).

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


terça-feira, abril 22, 2025

O uso e abuso do espectáculo televisivo


Nos últimos anos tem sido assim. Sempre que parte alguém importante, todos os canais televisivos usam e abusam da sua história, com horas e horas de emissão, repetindo e comentando quase sempre as mesmas coisas.

Neste caso particular, parece que querem "enjoarem-nos" do Papa Francisco. Prometem falar dele durante a semana inteira, para depois ser substituído pelo silêncio do costume, ou então por outra "vitima"...

Durante esta semana, vamos assistir também ao espectáculo dos "tudólogos", que de um momento para o outro, se tornaram, "especialistas franciscanos".

"Os donos da televisão" viciaram-se nesta forma tóxica de dar notícias e já não conseguem - nem querem - mudar de registo...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


segunda-feira, abril 21, 2025

Deixou-nos hoje o maior exemplo de humanismo, nestes tempos estranhos...


Nem de propósito...

Ligo a televisão e a primeira notícia que nos é dada, é do falecimento do Papa Francisco.

Há muito tempo que não tínhamos um Papa tão próximo das pessoas, tão cheio de humanismo. Simples nos gestos e nas palavras, nunca se escondeu atrás de nada, nunca teve medo de denunciar as grandes atrocidades do nosso tempo e de apelar à Paz, muito menos de enfrentar os "poderes ocultos" que sempre dominaram o Vaticano, abordando temáticas como a homossexualidade ou a participação da mulher na Igreja, sem o uso de subterfúgios.

A história diz-nos que nunca se sabe ao certo que nos irá trazer o "fumo branco"...

O ideal é que o Cardeal escolhido para substituir o Papa Francisco, partilhe o seu amor pelo próximo e tenha a coragem de dizer o que pensa, sem medo de qualquer poder, reforçando o seu legado pela Paz, pela Liberdade e pelo Amor.

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


domingo, abril 20, 2025

O pouco peso da religiosidade nas nossas vidas...


Ano após ano, sente-se que o peso da religiosidade vai diminuindo nas nossas vidas.

O mais importante dos dias memoráveis já não é o seu simbolismo religioso e a história, mas a sua transformação em datas meramente festivas. Pouco interessa que o Natal festeje o nascimento de Jesus da Nazaré, e agora aa Páscoa, a sua ressureição, o importante é estas datas se terem transformado nas grandes referências do consumismo. Usa-se e abusa-se do poder económico e também da gastronomia.

Não deixa de ser curioso, que tanto o Pai Natal como os Coelhos e os Ovos, sejam hoje mais populares e festejados que Jesus...

Claro que é apenas mais um registo do nosso retrocesso civilizacional, da deturpação que se faz da própria história.

(Fotografia de Luís Eme - Caldas da Rainha)


sábado, abril 19, 2025

Um espaço turístico de eleição no Oeste


Hoje fui às Caldas almoçar com a família e como de costume deu uma volta pela cidade, com as passagens obrigatórias pelo Parque - que festejava a Páscoa -  e pela Praça da Fruta. 

Talvez fosse por ser uma época festiva, mas havia bastante movimento, nas estradas e nas ruas, numa cidade bonita, que antes de se apostar neste turismo quase desenfreado, já ela aproveitava a sua situação geográfica (bem podia ser a "capital do Oeste"...) e o facto de possuir das melhores termas do país, para ser um espaço turístico de eleição no nosso país.

Nem mesmo a incompetência autárquica - fruto dos muitos anos de poder "laranja" - conseguiu deitar abaixo, esta cidade única, que vai recuperando as suas melhores valias, graças a uma Câmara, quase "independente dos partidos"...

Também aproveitámos a companhia do meu irmão, para irmos ver o mar à Foz do Arelho, que estava cheia de gente, a aproveitar aquele Sol do momento, por saber que a chuva também andava por ali, escondida nas nuvens com várias tonalidades de cinzento.

(Fotografia de Luís Eme - Caldas da Rainha)


sexta-feira, abril 18, 2025

Ainda os deuses, transformados em bonecos de pedra...


Ando a ler "Um Adeus aos Deuses", de Ruben A., por sentir alguma curiosidade pela história do livro e pela paixão que várias gerações de romancistas, poetas, pintores e escultores tinham pela Grécia, enquanto civilização clássica povoada de deuses.

O Ruben, a páginas tantas, escreveu: «Compreendo esta paixão pelos deuses que tinham os gregos. Eles viviam permanentemente no profano, nos extremos do poder do homem e na aceitação de uma força mística que os continha dentro da prática local dos ritos religiosos. Depois dos gregos o homem raras vezes quis voltar à companhia dos pensamentos imutáveis, o homem criou uma vida própria fora da dúvida e alheia aos deuses - espécie de materialismo imediato que a ciência serve em utilidades domésticas.»

A partir de certa altura, quisemos  ser nós os "deuses", quisemos colocar o mundo a girar à nossa volta, ao mesmo tempo que usávamos a presença de um deus (em chegava...), para nos ajudar a perpetuar no poder, tornando-nos "senhores" de qualquer mundo...

(Fotografia de Luís Eme - Lagoa de Albufeira)


quinta-feira, abril 17, 2025

Deuses que nos vão abandonando, desiludidos, e um tanto ou quanto, "descrentes"...


Embora nos últimos anos nos tenhamos tornado uma "miscelânia humana", há um povo, os judeus, que parece permanecer cada vez mais anónimo. Isso acontece, por razões que todos conseguimos entender.

A tentativa do governo de Israel acabar com um povo e com uma nação que vive ao seu lado, envergonha qualquer ser humano, com um mínimo de dignidade e de respeito pelo próximo, mesmo que seja israelita.

A maioria permanece em silêncio. 

Tem sido assim nos últimos setenta anos. 

Escritores como Amos Oz são a excepção que confirma a regra. Se ele ainda estivesse entre nós, não esconderia a revolta e a vergonha por ter como líder político, um assassino.

É um silêncio ensurdecedor, que entre outras coisas, nos afasta cada vez mais do território dos deuses.

Deuses que nos vão abandonando, desiludidos, e um tanto ou quanto, "descrentes" ...

(Fotografia de Luís Eme - S. Martinho do Porto)


quarta-feira, abril 16, 2025

«Eles continuam convencidos que vendem políticos como sabonetes»


Quem como nós conhece um pouco mais que os corredores das agências de comunicação e sabe qual é a verdadeira razão da sua existência, sorri quando aparece mais uma notícia sobre "um caso de justiça" de um político qualquer, no calor de qualquer eleição.

Até porque nestes lugares, há vários "porcos que sabem andar de bicicleta" (até fazem corridas...). Claro que passam mais tempo no chão que em cima das bicicletas, mas não deixam de ser uns grandes artistas, pelo menos nestes lugares, onde há sempre um idiota com o dedo no ar.

Todos sabemos que os cabelos cinzentos do Carlos são sinónimo de muitas viagens no "poço da morte". É por isso que estamos sempre à espera de qualquer frase diferente, digna de um poeta-publicitário. E ele raramente nos desilude: «ainda bem que existem estas "fábricas de ilusões e pesadelos", para dar trabalho a uma série de gajos do circo, que dantes só conseguiam ganhar uns trocos no Natal.»

E por não ser do clube dos que "cospem na sopa que lhe servem", apenas acrescentou: «Eles continuam convencidos que vendem políticos como sabonetes. Esquecem-se é de que a malta agora prefere gel de banho...»

(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)


terça-feira, abril 15, 2025

As coisas são o que são (e não mudam por decreto)


Se antes de ouvir aquela conversa, já pensava que quem sonha acordado, não é mais feliz que as outras pessoas, mesmo tendo a capacidade de viajar sem sair do mesmo sitio. Depois, ficou tudo na mesma, como a "lesma"... 

A única coisa que sobrou, foi a percepção de que esta gente que nos rodeia, tem cada vez mais dificuldade em aceitar que somos todos iguais e todos diferentes.

Estavam a falar de mim (e de mais duas ou três pessoas presentes...), usando o desdém e humor em simultâneo. Era quase como se fizéssemos parte de anedotas como os alentejanos, mas em pior... 

Curiosamente não falaram desse hábito que temos em falarmos com os nossos botões, cada vez mais alto, nas ruas. Talvez por isso ter passado a ser uma coisa normal, graças aos smartfones...

Não disse nada, porque a conversa não era directamente comigo, era mais com uma certa poeta, a Margarida. Ela esteve muito bem, ofereceu-lhes carradas de ironia e também algum humor, o que ainda os deixou mais insatisfeitos.

Fiquei mais uma vez a pensar na incapacidade que temos de perceber o outro, por ser e querer coisas diferentes da vida (normalmente isto começa em casa...).

E sim, a Margarida disse muito bem, que a vantagem de conseguirmos viajar sozinhos, sem precisarmos de apanhar um avião ou uma barca, não nos retira a vontade de conhecer o mundo real...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


segunda-feira, abril 14, 2025

O mundo está muito melhor para quem adora trocar as voltas à verdade


Não sei se já há recordes em dizer uma coisa e o seu contrário, em menos de um minuto.

Deve haver. E Trump é, com toda a certeza, o maior candidato a figurar no mais famoso "livro dos recordes".

Dificilmente arranjaremos alguém que lhe faça frente, mas o que não faltam, aqui e ali, são "imitações manhosas".

O curioso é isto já acontecer ao mais alto nível, com governantes portugueses.

Infelizmente, também já temos ministros que são capazes a dizer em publico uma coisa, e quatro minutos depois, o seu contrário, como aconteceu com o senhor que tem a pasta da economia. Eu sei que não é algo inédito, pois já acontecera o mesmo com a ministra da administração interna e com o ministro dos negócios estrangeiros, mas num espaço de tempo mais alargado.

Ou seja, cada vez é mais perceptível que a versão oficial dos acontecimentos transmitida pelo governo "montenegrasso", não se preocupa minimamente com os factos. Aposta sim, naquilo que parece ser "mais feliz" para povo, servindo às mil maravilhas os interesses eleitorais da aliança...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa) 


domingo, abril 13, 2025

«Eles querem saber tudo sobre as nossas vidas»


Nunca fomos tão invadidos como agora, pelos "marcianos" que dominam a internet e passam a vida a espiar-nos, dentro dos smartfones e dos computadores.

Fala-se muito de "pegadas", e é o que deixamos, sempre que pesquisamos qualquer coisa, ao ponto de durante semanas aparecerem "promoções" das tais coisas que queríamos e que deixámos de querer, mas mesmo assim não nos livramos da respectiva perseguição comercial...

Foi quando eu disse que isso não acontecia apenas com o que pesquisávamos. Dei o exemplo dos aparelhos auditivos, que são a primeira coisa que me aparece quando abro o computador e que nunca andei à procura. Foi risota geral, por sermos quase todos da mesma geração, e já não irmos para novos. Eles sabem que estamos todos "duros de ouvido", ou seja, levamos todos com esta "publicidade", mesmo os que fingimos ouvir às mil maravilhas.

Quando o Rui disse que «eles querem saber tudo sobre as nossas vidas», quase que pareceu mais uma coisa banal deste tempos quase malucos, ou seja, mais uma "lapalissada"...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


sábado, abril 12, 2025

Pensamentos em volta do encontro de três homens na mercearia de bairro...


Ao sábado de manhã, uma das coisas que cá em casa se faz, é o primeiro que se levanta ir à mercearia comprar um pão alentejano do Cercal para comermos ao pequeno-almoço.

Mas não é sobre a delícia deste pão que quero falar, é com o facto de à hora que cheguei (deviam ser umas nove e um quarto, mais minuto menos minuto) estar lá e senhor e logo a seguir a mim, apareceu outro.

Se eu acabei por levar apenas o pão, o fiambre e um pouco de presunto espanhol (para experimentar, o bom do moço da mercearia tem estas coisas, consegue que se leve sempre mais qualquer coisita...), os outros dois companheiros de aventuras tinham uma lista extensa de compras.

Fiquei a pensar que, mesmo que se finja que não, muita coisa mudou. Este quadro era impossível há trinta anos (não vou recuar meio século...), a mercearia era um espaço de mulheres, os homens só lá apareciam para comprar alguma urgência de última hora, que faltava para o jantar (e nem todos...), nunca com uma lista nas mãos.

É por isso que me faz confusão a volta que estão a querer dar ao mundo, muitas vezes com a cumplicidade das próprias mulheres (os espectáculos mais horríveis do Parlamento têm como intérpretes, as mulheres do Chega contra as outras mulheres dos outros partidos, ao mesmo tempo que se deixam manietar por aquele grupo manhoso de falsos "marialvas").

Se não estivéssemos a viver tempos de perdas de direitos, em que se coloca quase tudo em causa, talvez não pensasse desta forma, a partir de uma coisa tão simples, como foi o encontro de três homens na mercearia de bairro...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


sexta-feira, abril 11, 2025

Ver o tempo a fugir por entre os dedos...


Este mês de Abril está ser de muito trabalho.

O curioso, foi a montagem da minha exposição de fotografia (que é inaugurada amanhã...), acabar por servir quase como um momento de distracção, e até descontração.

Há muito tempo que não sentia os dias tão curtos, mesmo que o Sol apareça cada vez mais cedo e vá-se embora mais tarde...

Até parece quase um título de livro ou filme, esta coisa de ver o tempo a fugir por entre os dedos...

(Fotografia de Luís Eme - Costa de Caparica)


quinta-feira, abril 10, 2025

Hoje foi dia do Ginjal ser notícia de televisão e de jornal


Quem como eu conhece o Ginjal há quase quarenta anos, sabe que todos os problemas de degradação do cais e dos velhos armazéns, não se resolvem apenas com a colocação de placas de xis em xis metros de "perigo de derrocada", como foi feito, pelo menos nos últimos 15 anos, pelo Município.

Também é mentira que existam pessoas que vivem no Ginjal há trinta anos, como disseram na televisão. Lembro-me de quando saíram os últimos moradores, em que havia a expectativa do começo da obras (andaram por lá máquinas a terraplanarem alguns dos armazéns em pior estado, mais próximos da arriba...). Foi há já mais de dez anos.

Sei que entretanto foram passando várias "tribos" pelo Ginjal, desde os romenos, profissionais da mendicidade, em toda a área metropolitana de Lisboa, que depois se mudaram para o Caramujo, até aos migrantes africanos (muito deles devem estar em situação ilegal....) que foram ocupando o "prédio azul" e também as antigas instalações do Clube Naval de Almada, que transformaram quase em "área comercial" , durante e depois da pandemia...

O curioso, é que neste espaço de tempo, não houve qualquer tentativa de expulsar estas pessoas, que viviam em condições de habitabilidade precárias e a espreitar o perigo, diariamente.

Até que chegou o dia de hoje...

E agora, à boa maneira portuguesa, existe um corrupio de "moradores", que dizem viver ali "desde sempre", e que para variar, querem que a Autarquia lhes dê uma casa.

E o Cais do Ginjal vai ficar uns tempos (certamente longos, pelo andar das obras em Almada) "fechado para obras", porque começa a ficar intransitável...

(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)

 

quarta-feira, abril 09, 2025

A sina de partir, e voltar, só para ver se está tudo igual...


Recebi um telefonema agradável de um amigo que não vejo há mais de cinco anos (lá volta a "pandemia" a servir como medida do tempo...).

Falo do Gui, ex-realizador de cinema, e de certa forma, ex-português. Sim, mesmo que ainda não seja brasileiro no papel, é em tudo o resto, até como pai de "três crias" (é ele que gosta de chamar os filhotes assim...) com a Débora, que o tem ajudado a ser ligeiramente mais feliz do que era por cá.

Agora só faz publicidade e moda. O cinema ficou quase esquecido, porque há coisas mais importantes que andar em luta permanente "contra o mundo" e viver quase sempre de bolsos vazios e ficar com a sensação de que quando apresenta projectos, anda a "pedir esmola".

Diz que um mês destes aparece por cá com toda a prole e quer juntar as nossas famílias. Disse que sim, que será uma coisa boa.

Gozei com o facto de ele já falar com sotaque. Ele sorriu, quase orgulhoso, porque tal como Fernando Lemos e outros portugueses, sente-se mais feliz na confusão sul americana, que na pasmaceira europeia...

(Fotografia de Luís Eme - Seixal)


terça-feira, abril 08, 2025

«É mais fácil ser rapaz» (sempre foi...)


Ela não pensa mudar de sexo, mas basta-lhe olhar à sua volta para perceber e dizer-me: «é mais fácil ser rapaz.»

Sorri-lhe. Não lhe disse mas pensei que se tivesse nascido há cinquenta anos, as coisas ainda eram mais complicadas para quem nasceu mulher. E há cem, nem vale a pena falar... e por ai fora...

É verdade. Sempre foi necessária mais inteligência e um grande jogo de cintura às mulheres, para "sobreviverem" num mundo que quase esquece a sua existência, se ignorarmos as suas curvas.

Achei curiosa a afirmação da miúda de dezassete anos. A minha filhota de vinte anos, nunca me disse algo do género. Provavelmente, gosta de ser mulher, apesar do mundo continuar a "ser dos homens",,,

Claro que há compensações. A maternidade talvez seja a maior de todas elas.

Pois, mas quem é que quer filhos nestes tempos modernos?

(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)


A arte de "tirar o tapete debaixo dos pés"...


Não sei se é por causa do "cheiro a poder" que inunda o PSD, que não há praticamente ninguém no partido, que se mostre incomodado com os problemas mal explicados de Luís Montenegro (a excepção que confirma a regra é Poiares Maduro...).

No PS acontece o contrário, Já se cheira a "derrota", o que é sempre uma oportunidade para todos aqueles que são bons na "arte de tirar o tapete debaixo dos pés" do bom do Pedro Nuno, sairem da toca. 

É por isso que penso que é tudo menos inocente, a recusa de Fernando Medina em fazer parte das listas de deputados. Tal como a "birra" de José Luís Carneiro, de só aceitar ser candidato por Braga, mesmo indo contra a vontade dos dirigentes locais. É de "artista".

E nem vale a pena passarem o tempo a falar de pluralismo ou de democracia, para justificar as diferenças socialistas, cada vez mais evidentes, assim como o "apetite" pelo lugar de secretário-geral...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


domingo, abril 06, 2025

Talvez já nem nos preocupamos assim tanto, com as coisas grandes, que agora parecem pequenas...


O dia está no início e pensas no monte de coisas que te espera, para fazeres... ou que se podem avolumar. 

É um problema diário, que começa quando te habituas a deixar para amanhã, o que devias fazer hoje.

Pensamos que sabemos tudo, mas os antigos continuam a dar-nos lições, diariamente, do que é bom viver...

Talvez já nem nos preocupamos assim tanto, com as coisas grandes, que agora parecem pequenas...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


sábado, abril 05, 2025

«Não eras tu que querias chuva?»


«Não eras tu que querias chuva?»

Não respondi, mas se calhar era, como quase todos os portugueses que passavam por rios ou barragens, com escassez de água.

Talvez agora seja o tempo de recebermos tudo em excesso. Aquilo que chamamos equilíbrio, perdeu-se há muito tempo. Agora recebes tudo ou nada...

Penso que o ser humano não nasceu para se confrontar diariamente com todos estes desafios. Não li estudo nenhum, mas de certeza que isto não faz bem à saúde mental de ninguém.

Claro que isto não serve de explicação, muito menos de desculpa, para violadores ou para os assassinos que não deviam andar por ai nas estradas, que matam e fogem...

Pois... Também é tempo dos cobardes. Há demasiados lugares que permitem às pessoas serem outras coisas (e até lucrarem com isso, com a fila enorme de seguidores...), ao ponto de se sentirem "super-heróis", e acharem que "podem fazer tudo"...

Eu sei que isto não tem nada a ver com a chuva, com rios, com barragens. 

Só tem a ver com as pessoas, com vaidades, com loucuras...

(Fotografia de Luís Eme - Constança)


sexta-feira, abril 04, 2025

«O mundo sempre gostou de nos passar por cima»



Sinto-me muitas vezes um "espectador" deste viver, cada vez mais estranho e difícil, mas o David é tudo isso em maior.

Ser ligeiramente mais velho e viver sozinho faz com que ainda seja mais da "idade da pedra".

Ele acha graça à nossa mania de inventar coisas para nos facilitarem a vida, especialmente àquelas que acabam por nos tramar, quase sempre.

E eu acho graça a forma como fala do mundo, de uma forma quase abstracta, como se ainda fosse povoado por deuses, quase todos gregos e ilhéus e ele se limitasse a estar sentado numa sala de cinema a assistir à "fita".

Nunca gostou de coisas que escapam à ordem natural das coisas, é por isso que olha com um sorriso matreiro para a "inteligência artificial", que como de costume, irá dar-nos grandes dores de cabeça e provavelmente muitas ordens...

É também por isso que diz que «o mundo sempre gostou de nos passar por cima.»

(Fotografia de Luís Eme - Seixal)


quinta-feira, abril 03, 2025

Extremos que nunca se tocam (apesar do esforço de alguma comunicação social e de alguns governantes)


Tenho cada vez mais dificuldade em perceber a condescendência que existe para com a extrema-direita, de quase toda a gente, desde os presidentes da República e do Parlamento, passando e acabando numa comunicação social, cada vez mais permissiva e menos factual, que adora fazer comparações com uma esquerda, que nunca foi extrema.

Basta ter memória e revisitar a passagem dos partidos de esquerda pelo Parlamento, onde sempre respeitaram a Constituição e mantiveram uma postura  divergente mas digna para com os seus pares, o que não acontece com o Chega. 

Se se tem levantado tanta poeira em volta das duas mulheres grávidas despedidas pelo BE, imaginem se existisse neste partido (ou no PCP...) alguém pedófilo ou ladrão de malas... Provavelmente já tinham recolhido assinaturas para correr com eles do Parlamento...

O mais grave é sentirmos que esta dualidade de tratamento, já nem se disfarça. Rodrigues dos Santos,  é apenas um exemplo deste jornalismo televisivo, cada vez mais tendencioso.

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


quarta-feira, abril 02, 2025

Às vezes ainda escuta o grito: «Isto é tudo meu!»


Nem toda a gente compreende, o porquê, das pessoas com bons empregos e uma boa vida, serem de esquerda. Acham que estes deviam ser todos "pobrezinhos", usar calças de ganga e camisas aos quadrados...

Estávamos a falar das "cegueira ideológicas", quando apareceu a Laura.

Como de costume entrou muda e saiu calada.

Olhei-a e fiquei a pensar que devia ser o único daquela mesa de trabalho, que sabia das várias "questões ideológicas" que enfrentou desde muito cedo. Sim, teve logo na infância, a percepção de que alguma coisa estava errada no seu mundo. Ao contrário dos irmãos e dos primos, não percebia a razão de "ter tudo" e dos outros, que trabalhavam na quinta do avô, "não terem nada".

Também lhe custava não puder brincar com os filhos dos trabalhadores, e logo ela, que gostava tanto de correr e de saltar... Nem mesmo depois do 25 de Abril.

Como não viviam no Alentejo não enfrentaram o pesadelo das ocupações nem outra qualquer batalha laboral com os trabalhadores. Pelo contrário, ainda aumentaram o património, graças à desgraça alheia...

Já adolescente, foi "convocada" com o resto da família, para conhecer uma das novas propriedades da família. Fez-lhe muita confusão, ver o avô num dos pontos mais altos da herdade, de braços abertos, com um charuto no canto da boca, a dizer, quase num grito de felicidade, «Isto é tudo meu!»

Foi apenas a confirmação, de que aquele não era o seu mundo. Achou tão estranho perceber que  o avô era incapaz de dizer: "Isto é tudo nosso"... 

É muitas vezes olhada de desdém pela família. Alguns sobrinhos chamam-lhe a "tia comunista", mesmo que nunca tenha sido do PCP. Quando me contou mais esse episódio lembrei-me de ouvir um dos sobrinhos do Nuno (Teotónio Pereira), falar do mesmo modo, pouco orgulhoso de ter um "tio comunista"...

Se o avô da Laura ainda fosse vivo, era capaz de achar mais que graça, à "cambalhota" que estão a obrigar o mundo a dar...

(Fotografia de Luís Eme - Seixal)


terça-feira, abril 01, 2025

Parece no mínimo estranho, mas não é...


Somos um país onde as famílias cada vez são mais pequenas. Sim, há cada vez mais casais sem filhos ou com apenas um rebento. E muitos deles, preferem ter um cão a um filho... 

É por isso que parece "incompreensível", ouvirmos notícias sobre a falta de vagas nas creches da rede pública ou sobre fecho de várias urgências de obstetrícia aos fins de semana.

Parece...

Se não fossemos um país que tem tratado tão mal os jovens portugueses, que por não estarem para ter uma vida cheia de obstáculos, emigram para países que lhes oferecem melhores condições de vida.

E isso explica a falta de educadoras de infância e de médicos especialistas no SNS, tal como a de professores e de tantos outros profissionais...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


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